sexta-feira, 13 de junho de 2008

Água e Desenvolvimento Sustentável

A Exposição Internacional de 2008, que será inaugurada na sexta-feira, na cidade espanhola de Zaragoza, mostrará as profundas diferenças sociais e econômicas que separam os 105 países participantes.

Sob o tema “Água e Desenvolvimento Sustentável”, países dos cinco continentes mostrarão como é a relação de seus cidadãos com o recurso, de cuja escassez sofrem milhares de pessoas.

Participam da exposição de Iêmen à Alemanha, passando por Brasil e outros lusófonos, como Portugal, Cabo Verde, Moçambique e Angola.

Apesar dos esforços da organização, no evento não estarão presentes países importantes como Estados Unidos, Canadá, Israel, Austrália e Reino Unido, nações que poderiam protagonizar o momento de partilhar estratégias e soluções globais sobre a gestão da água.

Ainda assim, lado a lado estarão muitos países da Europa - continente líder em sustentabilidade - e Estados do Golfo Pérsico, com muito petróleo e pouca água.

A enorme diversidade cultural será visitada por autoridades de Estado de vários países.

Segundo fonte de Madri, estão confirmadas as presenças de toda a família real espanhola; do premiê José Luís Rodríguez Zapatero; do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso; do presidente mexicano, Felipe Calderón (em visita à Espanha); dos premiês Abbas El Fassi (Marrocos) e Albert Pintat (Andorra) e do presidente português, Aníbal Cavaco Silva, o único chefe de Estado convidado pelo Rei Juan Carlos.

Além dos pavilhões das zonas geográficas, existirão três grandes edifícios temáticos, exposições e recriações de ecossistemas fluviais.

Brasil

O Brasil vai levar à Expo-2008 mais de 60 experiências que mostram os avanços do país na gestão da água, com soluções que podem ser aproveitadas por outros países.

Entre as experiências brasileiras que serão apresentadas em Zaragoza, está o programa "Um Milhão de Cisternas", realizado pela sociedade civil com o apoio do governo, que busca levar água potável a cerca de 5 milhões de pessoas no semiárido.

Cada cisterna tem capacidade para armazenar 16 mil litros de água, captada das chuvas por meio de calhas instaladas nos telhados.

O projeto é considerado uma solução simples e relativamente barata para promover o acesso aos recursos hídricos pela população rural de baixa renda, que sofre com os efeitos das secas prolongadas.

Portugal

A participação lusa na exposição, orçada em 6 milhões de euros, tem como tema “Os três rios e as três bacias hidrográficas portuguesas mais importantes - Douro, Tejo e Guadiana”.

O pavilhão, de autoria do arquiteto Ricardo Bak Gordon, será dividido em três partes: a área expositiva, a área vip e o “Espaço Portugal Compartilha”.

A última área será um dos aspectos mais originais da presença portuguesa, levando à Expo várias atividades culturais e sociais, como shows, DJ's, praça de alimentação, uma loja e um espaço para exposições temporárias.

Angola

A Angola apresentará a exposição “A água: recurso único”, em um pavilhão desenhado por arquitetos nacionais, no qual serão montados painéis com uma rica amostragem rica das potencialidades do país.

O pavilhão independente, com 468 metros quadrados, retratará aspectos mitológicos e sociológicos das savanas, montanhas e desertos.

Nos últimos anos, o governo angolano vem desenvolvendo vários projetos para a melhoria da distribuição de água. No país, apenas 50% da população urbana tem água em casa.

Cabo Verde

Com o tema “Cada gota conta”, Cabo Verde vai mostrar o desafio de explorar de forma sustentável a pouca água de que dispõe, especialmente na agricultura, e apresentar soluções como a reutilização e a dessalinização.

Além de um painel de fotografias, será ainda projetado no pavilhão um vídeo que mostra as potencialidades do país, tanto em termos de investimentos, como de turismo, mostrando as ofertas de cada ilha.

Moçambique

Em um estande de 120 metros quadrados, orçado em 190 mil euros, Moçambique produziu vídeos e cartazes para mostrar suas potencialidades hídricas e a gestão dos recursos.

A delegação moçambicana quer aproveitar a ocasião para sublinhar a necessidade de se estabelecerem acordos de partilha de água e de se fazer a gestão e o planejamento conjunto dos recursos hídricos internacionais.

Com 39 rios correndo para o Índico, Moçambique tem um dos mais elevados potenciais de produção de energia elétrica da África Austral. Embora consuma apenas 350 megawatts de eletricidade, estima-se que o país possa produzir até 12 mil megawatts de energia elétrica.

Números

É esperada a visita de 6,5 milhões de pessoas na Expo de Zaragoza, que ocorre entre 14 de junho e 14 de setembro. Com orçamento estimado em um bilhão de euros (R$ 2,55 bilhões), a exposição está instalada em uma área de 25 hectares.

Após ato formal do Rei Juan Carlos para 5 mil convidados, parte lúdica da cerimônia de abertura deve durar 20 minutos, terminando com um espetáculo de fogos de artifício que serão lançados de 60 pontos diferentes.

A cerimônia de abertura inicialmente prevista foi alterada, pois dependia de uma instalação no rio Ebro, cujo volume de águas está acima do normal por causa das recentes chuvas.

Mais de 3 mil policiais estarão envolvidos na segurança da Expo-2008, com a cidade de Zaragoza já preparada para receber milhões de visitantes nos próximos três meses.

Há oito novas linhas de ônibus centradas na Expo, capazes de transportar 2,5 milhões de visitantes nos três meses da mostra, além de 1.800 táxis e novas ligações por trem e pelo ar.

Apesar de a capacidade hoteleira de Zaragoza ter sido ampliada para cerca de 25 mil camas, a ocupação dos hotéis já é de 100% nas primeiras e últimas semanas da Expo, e de 50% no restante do período. Muitos visitantes terão que ficar em outras cidades, incluindo Madri e Barcelona, de onde podem viajar com o trem de alta velocidade para as proximidades do recinto.

A exposição ficará aberta das 10h e às 3h e a entrada custa 35 euros para adultos, 21 euros para crianças e 26,3 euros para jovens e maiores de 65 anos. O bilhete para três dias sai por 70 euros.